Quando os
primeiros raios de luz da manhã invadiram o quarto através das cortinas, caia
também uma chuvinha fina e as pétalas das árvores vinham ao chão como se elas
chovessem junto; numa aquarela amarela, vermelha, rosa e roxa que ia tingindo o
chão da relva verde. Outras florezinhas também brotavam em meio a grama e as
pétalas chovidas. E nessa cena um passarinho se empoleirou na janela do quarto
e cantou para acordar a donzela. Quis despir o vidro da janela da cortina de
gaze para poder vê-la em seu sono de princesa.
Viu-a sua silhueta se movendo numa
imagem atrás da cortina, se espreguiçando graciosamente. Enquanto isso ele
imagina um vestido suave cobrindo sua pele macia e delicada. Ela cantou uma
melodia matinal tão agradável aos ouvidos que o passarinho pensou que ela
tivesse respondido ao seu gorjeio e desejou se tornar humano. Quis adormecer no
seu colo de seda, pela manhã despertá-la com um beijo, se aquecer no manto do
seu cabelo. E se por um breve momento pudesse saborear esses prazeres sua vida
inteira teria valido a pena.
Via uma imagem embaçada da donzela
que fazia sua toalete e escolhia um vestido. Quando finalmente estava pronta
abriu a janela e as cortinas e se apresentou como um espetáculo ao pobre
passarinho. O vestido rosado lhe ornava muito elegantemente a pele, o cabelo
cascateava pelas costas, os braços eram como hastes de marfim emoldurando o
corpo e seu sorriso... Era um sorriso radiante que fazia o sol perder o brilho.
E um par de olhos preciosos como a joia mais rara.
Ela esperava por ele para que
pudessem celebrar a primavera juntos, mas ele não teve coragem. Ela parecia
estar muito a cima dele, como uma deusa suprema que nenhum mortal é digno de
tocar. Ele voou pra longe no momento que a viu. Ela desfez o sorriso e se
trancou no quarto por dias, chorou por um tempo, mas na primavera seguinte se
casou. O passarinho nunca mais foi feliz e se lamentando pela maneira estúpida
com que agira se deixou ser devorado por um predador.
Muitas vezes tudo o que se precisa
para concretizar a felicidade é de um pouco de coragem.
Não vou negar que comecei esse conto esperando um final feliz, mas a lição as vezes só se aprende com o erro. Seu modo de escreve-lo me lembrou o Andersen.
ResponderExcluirameiii o texto!
ResponderExcluirBeijooos!
Covardia é uma cisa complicada, não?
ResponderExcluirMuito bem escrito, e muito lindo apesar de triste.
Adorei.
xoxo