A respeitável
dama vitoriana tinha a habilidade de escrever cartas bonitas e atrativas para
seus leitores. Escrever cartas não significava apenas comunicação, era
essencialmente o único meio de troca de informações e notícias. Era também uma
obrigação social, um talento que uma mulher esperava adquirir e cultivar,
naturalmente ou pela prática.
Os itens básicos
para escrita de cartas eram papel, lápis, pena, tinta, envelopes, selos e o
lacre de cera. O tipo correto de material era crucial para fornecer uma boa
impressão, mas a definição do melhor material foi mudando ao longo das décadas.
Papéis coloridos e com flores nos cantos eram comuns em meados de 1850, mas na
virada do século eles saíram de moda, passou-se a se usar apenas papel matizado
nas cores branco e creme e a folha sem pautas era considerada de bom gosto.
Materiais com
monogramas estavam em voga nos anos de 1800, mas saíram de moda no fim do
século e eram considerados cafonas.
Alguns conselhos específicos serviam
para todos os tipos de cartas que se desejava escrever. Aqui seguem algumas
dicas do que fazer e o que não fazer:
- Não escreva cartas anônimas;
- Não escreva cartas privadas num cartão
postal;
- Não use papel pautado para cartas
formais;
- Não use a metade do papel apenas para
economizar;
- Não sublinhe palavras;
- Não apague as palavras escritas de
forma errada numa carta importante, reinicie a carta;
- Não use Post Script (P.S.), exceto para amigos íntimos;
- Use um parágrafo diferente para cada
assunto;
- Não dobre novamente a carta,
certifique-se que ela foi dobrada corretamente da primeira vez;
- Leia a carta cuidadosamente antes de
enviá-la.
Nesses tempos de computadores e e-mails
é difícil lembrar que alguns autores aclamados da literatura chegavam a
escrever alguns volumes de um romance através das cartas mais obscuras,
escrevendo cada palavra à mão. Quando estavam inspirados, os escritores do
século XIX, pegavam suas penas, mergulhavam no tinteiro e deixavam suas ideias fluírem
pelo papel.
O artigo original é de autoria de Kari
Geiger com o título “With pen in hand”, publicado na revista “Victorian
Decoration & Lifestyle” em Março de 2000. Porém eu o encontrei no Live
Journal, na comunidade Lolita Letters com o título “Victorian Letter Writting”. A
tradução foi feita por mim.
É uma boa oportunidade para rever a postagem Cartas antigas que ensina a deixar o papel com aspecto de envelhecido.
Imagem: We heart it
Infelizmente um costume que caiu no esquecimento, mas certamente as cartas sempre terão um charme especial, alguns dos meus livros favoritos contém troca de cartas, Persuasão de Jane Austem tem uma linda declaração de amor, ou o que seria dos livros Frankenstein, Drácula sem as cartas trocadas entre os amigos, ou a carta de Della Wetherby para Mrs. Chilton, pedindo para tomar conta da jovem Pollyanna, como pretexto para a jovenzinha curar o mau humor crônico de sua irmã no livro Pollyanna moça. Enfim o que seria da boa e velha literatura sem as cartas. Bem interessante o texto seu.
ResponderExcluirUm abraço
Esse texto me fez sentir um calorzinho no peito <3
ResponderExcluirAdoro seus posts sobre esses assuntos, e sempre que me sobra tempo, gosto de escrever cartas para o meu namorado, e o melhor de tudo é que sempre ele responde por carta também <3
É meio triste a internet estar crescendo tanto, e as pessoas perderem esse costume tão atencioso de se dedicar um tempo em escrever algo a mão para alguém que se ama <3
Mil beijinhos, Luana!
Escrever e receber cartas e otimo, nao sei como deixei de ter esse habito...
ResponderExcluirOtimo post! Muito util.
Ps. Estou sem acentos aqui.
Obrigada pela tradução!
ResponderExcluirEu costumava ler a EGL desde 2006, mas não fazia parte da Lolita Letters e nunca entrei em contato com esse texto. Me bateu uma nostalgia de ler essas coisas mais sobre os anos belos do século XIX e suas damas! Que saudade boa ♥♥
Se eu fosse escrever uma carta, iria adorar ter papéis com flores, e um monograma para assinar. Eu ainda envio cartas para algumas amigas, mas é uma coisa rara, e nunca cheguei perto de uma caneta tinteiro... To longe de chegar perto do vitorianismo que eu gostaria ^^ mas amei ler a respeito!
beijinhos
~H