sábado, 30 de abril de 2016

Soneto de Maio



Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de Abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
Alumbra os astros e aproxima o céu.

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o dossel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora tão tímida e tão frágil
Que através do seu corpo transparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto

Carregado de inveja e de presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as catástrofes de Agosto...

Vinícius de Moraes

Pessoal, desculpe o sumiço. Está difícil conciliar a vida com o blog, então estou tentando voltar. 

Esses dias eu estava relendo um livro com poemas do Vinícius de Moraes que tenho na estante e decidi publicar esse no último dia de Abril. Que venha um lindo Maio para todos nós!!


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