Eu sei que muitas pessoas se interessam pela experiência de quem mora fora do país, e eu sempre tenho amigos ou familiares me perguntando sobre a minha experiência. Inclusive eu, antes mesmo de vir para o Reino Unido pela primeira vez, pesquisava bastante em blogs e canais de brasileiros que moravam por aqui ou qualquer coisa que dissesse a respeito disso, então acho que é a minha hora de contar um pouco sobre a minha experiência pessoal.Primeiro eu devo dizer que visitar um país a turismo é diferente de morar nesse país, e principalmente quando, assim como eu, você passa a pertencer a uma família que é nativa desse país. Eu estou numa posição de estar totalmente imersa na cultura britânica, e isso é muito enriquecedor, mas devo dizer que há dificuldades de adaptação. Coisas que ninguém te conta a respeito, mas eu estou aqui para contar.
I know many people are interested about the experience of living abroad, there’s always some friend or relative asking me about it. Even me, before coming to the UK for the first time used to research on blogs and Youtube channels about Brazilians living here and their experience, so now it’s my turn to tell my experience.First, I have to say that travelling to a country as tourist is completely different from living in it, specially if you become part of a family from that country like I am right now, it’s amazing being immersed in the British culture but there are some cultural struggles. No one tells you about some struggles we have in a different culture, but I am here to do it.
1) Língua – Não importa por quanto tempo você tenha estudado inglês na sua vida, há coisas que os livros jamais serão capazes de te ensinar, você só aprende numa experiência de imersão.
1) Language – it doesn’t matter how much time you spent studying English in your life, there are certain things books will never teach you, you need an immersion experience.
a) Reaprender a língua - Eu devo dizer a
primeira coisa que eu tive de fazer foi reaprender o meu inglês, tendo em vista
que eu aprendi inglês americano no Brasil e chegando ao Reino Unido eu tive que
reaprender e me adaptar ao inglês britânico, mas essa foi a parte mais simples
de ter de lidar com a linguagem. As partes mais difíceis para mim, não foi ter
que modificar a pronúncia ou o vocabulário.
a) Relearn the language – This was the first thing I had to do, relearn my English, in Brazil most
people learn American English, and coming to the UK I had to learn the proper
British English, but being honest with you, this wasn’t the most difficult part
at all, I had to change the pronunciation, I had to change the vocabulary. There
were other most difficult language challenges in this journey.
b) O uso cultural da linguagem - A linguagem é
cheia de significados culturais ocultos que só quem vive naquele lugar conhece.
Lembro de uma professora de inglês que eu tive que era caribenha, ela tinha se
mudado para o Brasil quando criança, ela me contou que a mãe dela demorou a se
adaptar a um uso cultural da língua no Brasil, às vezes alguém oferecia um café
e ela dizia “Obrigada” e ficava esperando o café, mas ninguém trazia, porque se
alguém te oferece algo no Brasil e você diz apenas “Obrigado” subentende-se
“Não, obrigado” – a gente usa isso sem se questionar, mas quando alguém vem de
fora e não conhece as regras fica perdido. No começo eu me sentia muito perdida
com questões como essa, o engraçado é que isso acontece até mesmo entre pessoas
que são nativas de um mesmo idioma, mas são de países diferentes como
americanos e britânicos ou mesmo brasileiros e portugueses.
b) The cultural use of language – Language is full of hidden cultural meanings that just who lives in that
place knows. I had a Caribbean teacher, she moved to Brazil with all her family
when she was still a little girl and she told me one thing about the cultural
use of Brazilian Portuguese that was difficult for her mother to adapt. When someone
offered her a cup of coffee, for example, and she said “Thank you” and kept
waiting for the coffee that never came, because in Brazil if you say just “Thank
you” when someone offer you something they will understand “No, thank you”. It’s
just a silly example, but there are lots of little things like this that can
make you feel lost, the funny part is even people that are native in the same
language but from different countries can be confused about these cultural uses
in language, like American and British people or Brazilian and Portuguese.
c) Regionalismo – Eu já estava há
pouco mais de um mês em Londres, eu achei que tinha dominado o inglês britânico,
foi quando eu decidi ir para Glasgow (capital da Escócia), eu estava tentando
fazer um pedido no McDonald’s olhando para a atendente sem entender uma única
palavra e um menino, com cerca de oito anos me olhou e começou a tentar “traduzir”
para um inglês que eu pudesse entender. Acho que ele ficou morrendo de dó de
mim naquele momento. A atitude dele foi fofa, mas naquele momento eu achei que todos
os anos que eu passei aprendendo inglês foram inúteis, eu não conseguia
entender o inglês falado na Escócia. Depois de um tempo eu descobri que
americanos também tem dificuldade em entender os escoceses, assim como
brasileiros tem dificuldade de entender portugueses. Você vai lidar com
diferentes sotaques e regionalismo e ninguém te conta o quanto você penar com
alguns deles.
c) Regionalism – I was living
in London for a bit more than a month, on my first time here, I thought I had
enough knowledge about British English, then I decided to go to Glasgow (in
Scotland), I was in a McDonald’s looking at the attendant without understanding
one single word and a boy, I think he was eight, looking at me and he tried to
help me, “translating” for an English I could be able to understand. I am sure
he was feeling so sorry about me that he decided to help me, that was cute, but
I felt like all my years learning English were useless in that moment, I couldn’t
understand Scottish English. Some years later I discovered sometimes Americans struggle
to understand Scottish English too, the same way Brazilians struggle to
understand Portuguese people. You will deal with different accents and
regionalism, no one tells you how difficult is to understand some of them.
2 – Unidades de medida – Algumas delas
eu já me acostumei, outras eu ainda me confundo. Em alguns casos eles usam as
unidades de medida a qual estamos acostumados no Brasil (centímetros, metros, quilogramas...),
em outros casos eles vão usar unidades de medidas com as quais não estamos
acostumados (pés, polegadas, libras, pedras...). Pelo menos no Reino Unido se
usa a escala Celsius ao invés da Fahrenheit.
2 – Units of measurement – Some of them I’m already used to, some I still struggle. In some
situations, they use units of measurement that we also use in Brazil (centimetres,
meters, kilogram…) and sometimes they use others that we don’t know well
(inches, feet, pounds, stones…). At least in the UK they use Celsius
instead of Fahrenheit.
3 – Celebrações – tanto as datas comemorativas quanto a forma de celebrá-las muda bastante no Reino Unido. Eu poderia escrever um artigo inteiro só falando das diferenças entre celebrar o Natal no Brasil e no Reino Unido. E há tantas outras... Na sexta-feira da paixão comece-se um pãozinho chamado hot cross bun. Na terça-feira em que celebramos o Carnaval eles celebram o Dia da Panqueca e em Novembro todo mundo vai usar papoulas para lembrar os heróis da guerra, sem contar o bonfire night que pode te deixar se questionando porque tantos fogos de artifício. Esses são apenas alguns exemplos que vão te deixar perdido ou no mínimo intrigado sobre o que está acontecendo.
3- Celebrations – the important
holliday celebrations and the way they are celebrated change a lot in Brazil
and in the UK. I could write a whole article about the difference in between
British and Brazilian Christmas. And there are so many more… On the Good Friday
they eat hot cross bun. On the Tuesday we celebrate Carnival in Brazil, they
celebrate the Pancake Day, I also have to mention in November they wear poppies
to remember the soldiers who died in the war and also the bonfire night – if you
don’t know it you can get confused about the firework.
4 – Referência que não conhecemos –
piadas
com celebridades que você não faz ideia de quem sejam, fatos históricos,
brincadeiras de infância... Alguém sempre vai citar alguma coisa que vai te
deixar perdido, porque às vezes eles esquecem que você está naquele país faz
pouco tempo e não a vida toda como eles.
4 – References you don’t have a clue – Jokes about celebrities you have no idea who they are, historical
facts, childhood games… There’s always someone who will say something that you
have no clue what they are talking about, because sometimes they forget you
live in that country for a certain period of time and not your whole life,
5 – A forma com que as pessoas se
relacionam – amizades,
relacionamentos amorosos, relacionamentos familiares... de certa forma são os
mesmos, mas são bem diferentes ao mesmo tempo. Os sentimentos e o carinho vão
ser iguais, mas a sempre pequenos detalhes que mudam. Brasileiros, por exemplo,
são muito mais táteis, nós gostamos de beijar pessoas no rosto, abraçar...
mesmo pessoas que não conhecemos bem, enquanto o modo europeu se limita a um
aperto de mão. Claro que estamos falando de um mundo pré-pandemia, porque nos
dias de hoje a regra é manter o distanciamento social. Além disso há sempre
aquelas regras não escritas do que é permitido falar com as pessoas ou não. Nós
brasileiros achamos meio normal perguntar sobre a vida pessoal, saber se aquela
pessoa que estava num relacionamento longo se casou ou algo do tipo e aqui isso
não é necessariamente visto com bons olhos.
5 – The way people interact to each other – friendship, romantic relationships, familiar
relationships… in Certain ways they are still the same, but different at the
same time. The feelings and the affection are still the same, but there are
some few details that change. Brazilians are tactile, we like to kiss people on
their cheeks and hug… even people we don’t know well, the European way is more
like a handshake. Of course, I’m talking about a pre-pandemic environment,
because nowadays we keep social distance. And there’s always some non-written
rules about what you can or can’t talk to someone. As a Brazilian we think it’s
normal to ask to someone we don’t know well, but is in a long term relationship,
if or when they will get married and people can see this as something rude in the
UK.
Esses foram apenas alguns exemplos de dificuldades
culturais. Existem coisas com as quais eu me adapto melhor que outras. Existem
certos fatores que foram difíceis para mim no começo e que hoje são bem mais
fáceis. Se você tem a intenção de se morar em outro país em algum momento da
sua vida, eu aconselho a pesquisar bastante sobre a cultura do local e manter a
mente aberta. Lembre-se que sempre que você não entender uma situação ou se
sentir confuso, você pode simplesmente perguntar para algum nativo de sua
confiança. Para aqueles que se interessarem eu também gravei um vídeo sobre o assunto.
These were just some examples of cultural struggles. There are things I
can deal better than others and there were things more difficult for me in the
past than now they are pretty easy. If you intend to leave abroad in any moment
of your life, I advise you: first,
research about the local culture and be open minded. Remember, when you don’t
understand some situation or feel confuse you can always try to ask someone
that’s native and that you trust to try to explain to you. There's a video bellow explaining a bit more about my experience, unfortunatelly just in Portuguese.
Nossa! Muito legal o seu post. Acho que o uso cultural da língua é a parte mais difícil, já vi estrangeiros que estão há anos no Brasil e ainda tem dificuldade de entender algumas coisas. Acho importante lembrar q mesmo morando em outro país ainda somos brasileiros.
ResponderExcluirwww.verdeveggie.blogspot.com
Realmente, é algo que a gente demora um pouco para se acostumar totalmente, mas é possível de lidar.
ExcluirMuito interessante. Acho que pra mim, as partes mais dificéis seriam a de regionalismo e referências, em especial se tratando do Reino Unido, porque como você o meu inglês é mais voltado para o estaduniense, então já tenho certa dificuldade com alguns sotaques ingleses/britânicos, fora que aqui no Brasil não temos tanta referência britânica em comparação com norte americanas, e quando assisto séries daí percebo que, em especial na comédia, eu perco bastante referência popular e outros aspectos das diferenças culturais.
ResponderExcluirRealmente, nós não temos acesso a muitas referências britânicas, meus primeiros dias no Reino Unido era uma tragédia tentando entender as pessoas, depois de um tempo eu me acostumei.
ExcluirOi Luana,
ResponderExcluirAdorei! As diferenças culturais pesam nesta hora e eu imagino que a adaptação seja no mínimo bem interessante.
Beijos
É interessante sim. Tem sido muito enriquecedor, todos os desafios nos fazem crescer.
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