Nota: Pensei muito antes de publicar este conto aqui, pois facilmente as pessoas poderiam interpretar de maneira errada e me deixar em situação embaraçosa. Os meus contos e minhas crônicas, não necessariamente, são o meu diário metaforizado. - Sendo mais clara, não representam algo que eu esteja vivendo. - Este conto, em específico, foi escrito a pedido da minha amiga Ana Lídia, que queria ler no meu blog uma história cujo tema fosse amizade colorida. Enfim, espero que eu agrade e que traga magia a seu dia.
Numa terra
distante um rei tivera uma única filha, era a criança mais bela que o sol já
tinha iluminado, e se chamava Ofélia, porém nenhuma outra criança nobre nascera
naquela época. Os condes e marqueses tinham filhos adultos e não havia uma
criança com quem a princesa pudesse brincar, e ela passava os dias sozinha e
entediada. No entanto a esposa do cocheiro real dera a luz a um menino alguns
meses antes do nascimento da princesa; e como o cocheiro era sempre um súdito tão
fiel o rei pediu que o menino passasse os dias a entreter a princesa com
brincadeiras, mesmo sabendo que não era muito apropriado que a princesa tivesse
qualquer vínculo com pessoas que não eram de linhagem nobre.
O
menino se encantou pela princesa Ofélia e lhe fazia todas as vontades. Pegava a
bola de ouro que caia no fundo do poço, fazia coroas de margaridas, carregava-a
nos braços para que não sujasse de lama seus sapatos caros e o que mais ela
pedisse. O tempo passou e a princesa se tornou uma bela moça, com doçura em sua
voz e graça nos seus gestos. Era impossível negar-lhe qualquer que fosse o
capricho. O filho do cocheiro era seu fiel vassalo e vez ou outra Ofélia o
beijava, de forma tão suave que lhe dava o malefício da dúvida, se aquilo era
real ou ele tinha imaginado. Não era apropriado, mas ela agia desse modo.
Enquanto fosse
possível ela dispensava os pretendentes com uma desculpa ou outra, e todos eles
se roíam de ciúmes. Era inadmissível uma relação tão íntima entre a alteza e
seu serviçal. E ninguém sabia, nem ela mesma, mas a princesa havia entregado o
seu coração ao vassalo.